Uma nova e poderosa forma de censura está surgindo na indústria de games, não vinda de governos, mas de gigantes financeiros como Visa e Mastercard. Usando sua imensa influência econômica, esses processadores de pagamento estão, segundo relatos, ditando quais jogos podem ser vendidos em plataformas como a Steam, em uma ação que muitos consideram um ataque à liberdade de expressão.
No centro da controvérsia está o Collective Shout, um grupo ativista feminista australiano que se posicionou como o catalisador, pressionando os gigantes financeiros a imporem seus padrões morais em uma escala global.
O estopim: o "expurgo" repentino na Steam
A polêmica explodiu em meados de julho de 2025, quando a Valve atualizou suas diretrizes para proibir "conteúdo que possa violar as regras e padrões estabelecidos por nossos processadores de pagamento". Quase imediatamente, cerca de 500 jogos, a maioria visual novels japonesas e títulos com temática adulta, foram removidos da plataforma. A Valve confirmou que empresas de cartão de crédito, incluindo Visa e Mastercard, sinalizaram os jogos como violadores de suas políticas internas.
O catalisador: o grupo ativista Collective Shout
O Collective Shout, um grupo australiano fundado em 2009 para combater a "objetificação da mulher na mídia", assumiu abertamente a responsabilidade pelo expurgo. Sua estratégia foi ignorar a Valve e os desenvolvedores e mirar diretamente nos processadores de pagamento. Inundando Visa e Mastercard com reclamações e petições, o grupo explorou as políticas de "proteção de marca" das empresas, enquadrando os jogos não como ficção, mas como facilitadores de atividades criminosas.
Os guardiões da moralidade: o poder da Visa e Mastercard
Com um quase duopólio que processa mais de 90% das transações de cartão de crédito no mundo, a influência da Visa e da Mastercard é imensa. Ao ameaçarem reter seus serviços, elas forçam plataformas como a Steam a cumprir suas exigências, pois perdê-las poderia paralisar as receitas. Essa prática, conhecida como "desplataformização financeira", levanta sérias preocupações sobre monopólio e poder corporativo.
A reação global e as implicações futuras
A resposta da comunidade e da indústria foi feroz. Desenvolvedores japoneses, como o criador de Nier, Yoko Taro, denunciaram a ação como um ato de imperialismo cultural. No Japão, parlamentares iniciaram investigações sobre práticas comerciais desleais. Uma petição no Change.org pedindo que os processadores e grupos ativistas "parem de controlar o que podemos assistir, ler ou jogar" ganhou milhares de assinaturas.
Esta saga não é apenas sobre jogos de nicho; é sobre quem controla a narrativa em um mundo conectado. A questão que fica é se reguladores agirão para frear o poder desses gigantes financeiros, ou se a cultura e a liberdade criativa continuarão à mercê das políticas internas de um punhado de corporações.
Postar um comentário