A Sony finalmente admitiu publicamente o que muitos analistas da indústria já suspeitavam: sua ambiciosa transição para jogos live service não está ocorrendo conforme planejado. Durante a chamada de resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, a diretora financeira Lin Tao foi surpreendentemente franca ao reconhecer que "em termos de transformação, não está funcionando perfeitamente, mas de uma perspectiva de longo prazo, se você olhar as mudanças ao longo de cinco anos, definitivamente houve mudança". Esta admissão pública marca um momento raro de vulnerabilidade corporativa da gigante japonesa, especialmente considerando os recentes fracassos de alto perfil como Concord.

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A estratégia live service da Sony começou de forma praticamente inexistente há cinco anos, quando os jogos de serviço eram "quase não existentes para o PlayStation Studios". Hoje, a empresa pode apontar para sucessos como Helldivers 2, Gran Turismo 7, Destiny 2 e MLB The Show como exemplos de como essa estratégia pode funcionar quando executada corretamente. Lin Tao revelou que os jogos live service representaram aproximadamente 40% da receita da Sony no primeiro trimestre de 2025, com projeções entre 20-30% para o ano completo, números que demonstram a importância crescente desse modelo de negócios para a saúde financeira da empresa.

Entretanto, os tropeços recentes da estratégia são inegáveis e custosos. O fracasso espetacular de Concord, que foi desligado permanentemente apenas duas semanas após o lançamento, tornou-se um símbolo dos riscos inerentes ao mercado live service saturado. Durante a sessão de perguntas e respostas dos resultados financeiros, Lin Tao disse que a empresa continuará perseguindo jogos live service apesar das "notícias negativas" sobre seus dois lançamentos mais recentes, Concord e Marathon. Esta determinação em prosseguir apesar dos contratempos reflete tanto a pressão financeira quanto a crença de que o modelo ainda pode ser lucrativo a longo prazo.

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Marathon, o projeto live service mais aguardado da Bungie sob propriedade da Sony, enfrenta seus próprios desafios. O jogo foi adiado indefinidamente em junho de 2025 após feedback "apaixonado" da comunidade durante os testes alfa, e relatórios indicam que todo o marketing pago para Marathon foi cancelado. Apesar disso, a Sony continua comprometida com o lançamento de Marathon até março de 2026, com Lin Tao afirmando que "estamos agora corrigindo os problemas".

A situação da Bungie adiciona outra camada de complexidade à estratégia live service da Sony. Lin Tao revelou durante a sessão de perguntas que a Bungie está perdendo sua autonomia e passando por um "processo contínuo de se tornar um estúdio PlayStation". Esta integração forçada sugere que a Sony está assumindo controle mais direto sobre seus investimentos live service após os resultados mistos da abordagem hands-off inicial. A mudança representa uma reversão significativa da promessa original de independência criativa que acompanhou a aquisição da Bungie por 3,6 bilhões de dólares.

Lin Tao também reconheceu que a empresa precisa aprender lições importantes dos fracassos recentes, enfatizando a necessidade de "introduzir conteúdo live service onde há menos desperdício e é mais suave". Esta declaração sugere uma reavaliação interna dos processos de desenvolvimento e aprovação de projetos, possivelmente indicando mudanças nos critérios para green-lighting futuros títulos live service. A admissão de "desperdício" é particularmente reveladora, sugerindo que recursos de grande monta foram mal alocados em projetos que não conseguiram encontrar seu público.

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Olhando para o futuro, a Sony se encontra em uma encruzilhada estratégica crucial. Embora os jogos live service representem uma grande fatia da receita da empresa, os custos de desenvolvimento e os riscos de mercado provaram ser maiores do que inicialmente antecipado. A empresa permanece "muito, muito comprometida em construir um portfólio live service diverso e resistente", mas essa determinação será testada pelos resultados dos próximos lançamentos. O sucesso ou fracasso de Marathon em 2026 pode muito bem determinar se a Sony dobra a aposta em live services ou recua para um modelo mais equilibrado que inclui maior foco em experiências single-player tradicionais que historicamente definiram o PlayStation ao longo dos anos.

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