Quando Shogun: Total War chegou às lojas em 2000, poucos imaginavam que a Creative Assembly estava prestes a redefinir os jogos de estratégia. Combinando o pensamento tático de um wargame com a grandiosidade de um épico histórico, a franquia criou seu próprio gênero – e, como os impérios que retrata, viveu eras de esplendor e declínio. Esta é a história de uma série que moldou gerações de estrategistas, sobreviveu a desastres e ainda luta para reconquistar seu trono.

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A fundação de um império digital

Os primeiros anos foram marcados por inovações revolucionárias. Rome: Total War (2004) não apenas popularizou a série, mas tornou-se um fenômeno cultural. Quem não se lembra da câmera tremendo ao ritmo de centenas de legionários marchando? O jogo foi uma aula de história interativa, equilibrando complexidade e acessibilidade como nenhum outro. Seu sucessor, Medieval II (2006), refinou a fórmula e, graças aos mods, mantém uma comunidade ativa até hoje – prova de um design atemporal.

A ambição que quase destruiu o reino

A transição para o motor Warscape trouxe tanto conquistas quanto crises. Empire: Total War (2009) ampliou o escopo para batalhas navais e um mapa global, mas lançou como um verdadeiro "estado falido" técnico. A redenção veio com Shogun 2 (2011), talvez o jogo mais bem polido da franquia – uma obra onde cada detalhe, do design à atmosfera, mostrava um estúdio no auge de suas capacidades. Essa dualidade tornou-se uma marca registrada: para cada Napoleon (2010), um sucesso moderado, havia um Rome II (2013), lançado em estado lastimável e só recuperado anos depois.

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A era das contradições

Os anos recentes foram de extremos. Three Kingdoms (2019) trouxe o melhor sistema de diplomacia da série e um foco narrativo inédito, conquistando especialmente o mercado chinês. Mas o abandono repentino de seu suporte manchou a relação com os fãs. Já Pharaoh (2023) mostrou um estúdio hesitante – criticado por jogadores que esperavam mais ambição em troca do preço cheio. Enquanto isso, o sucesso da trilogia Warhammer provou que a fórmula funciona em cenários de fantasia, mas deixou os puristas da estratégia histórica ansiosos por um retorno às raízes.

Um novo exército se forma nos bastidores

Com um novo título histórico confirmado (mas ainda envolto em mistério), a Creative Assembly enfrenta seu desafio mais difícil: agradar uma base de fãs dividida entre:

  • Os saudosistas dos clássicos
  • Os que abraçaram o Warhammer
  • Os decepcionados com os lançamentos recentes

Rumores sugerem um possível Medieval III ou uma incursão inédita como a Guerra dos Cem Anos. Seja qual for o cenário, o estúdio precisa reconciliar escala ambiciosa com polimento técnico – e, principalmente, reconstruir a confiança com sua legião de comandantes virtuais.

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A verdadeira vitória da franquia está em como transformou jogadores em historiadores amadores. Quantos não buscaram livros sobre a Batalha de Waterloo após comandar as tropas em Napoleon? Ou se viram debatendo a formação testudo depois de usá-la em Rome? Mesmo com seus altos e baixos, a série criou uma linguagem própria – onde cada lançamento, bom ou ruim, é um novo capítulo não apenas nos games, mas em como interagimos com o passado. O próximo movimento, agora, é da Creative Assembly. Que venha com a força de uma carga de cavalaria pesada – e a sabedoria de um general experiente.

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