A franquia Dragon Age enfrenta um dilema semelhante ao que Mass Effect viveu há alguns anos, mas com um resultado completamente diferente. Enquanto Mass Effect conseguiu seu renascimento através da aclamada Legendary Edition, Dragon Age permanece sem uma coletânea remasterizada de seus títulos clássicos, mesmo após o desempenho decepcionante de Dragon Age: The Veilguard em 2024.

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Mark Darrah, ex-produtor executivo da BioWare que dedicou 24 anos de sua carreira ao estúdio, revelou recentemente em entrevista ao canal MrMattyPlays os motivos pelos quais uma remasterização da trilogia Dragon Age nunca saiu do papel. Durante sua passagem pela empresa, Darrah testemunhou o lançamento de alguns dos jogos mais icônicos da BioWare, incluindo toda a série Mass Effect e os três primeiros jogos de Dragon Age.

A proposta interna da BioWare era ambiciosa e bem estruturada. A equipe sugeriu rebatizar retroativamente os três primeiros jogos como "Champion's Trilogy", criando uma identidade unificada para a coleção. O plano incluía remasterizar Dragon Age: Origins, Dragon Age II e Dragon Age: Inquisition, possivelmente junto com The Veilguard, oferecendo gráficos aprimorados e uma experiência modernizada para uma nova geração de jogadores.

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No entanto, a Electronic Arts demonstrou uma postura corporativa surpreendente em relação aos remasters. Segundo Darrah, a publisher se opõe publicamente a esse tipo de projeto, uma estratégia que ele considera estranha para uma empresa de capital aberto que aparentemente rejeita "dinheiro fácil". O contraste com o sucesso de Mass Effect Legendary Edition é gritante, já que aquela remasterização vendeu "muito acima" das expectativas da EA, provando o potencial lucrativo desse tipo de iniciativa.

A situação se torna ainda mais complexa quando consideramos as dificuldades técnicas específicas de Dragon Age. Darrah explicou que remasterizar a franquia é tecnicamente mais desafiador que Mass Effect, devido às diferentes engines e estruturas utilizadas ao longo dos anos. A BioWare chegou a explorar alternativas criativas, como utilizar as ferramentas da Frostbite Engine e contratar um estúdio de modificações talentoso para recriar Dragon Age: Origins do zero.

O fracasso comercial de Dragon Age: The "Wokeguard" torna essa situação ainda mais irônica. O jogo alcançou, teoricamente, aproximadamente 1 milhão de jogadores nos primeiros dois meses, considerando que muitos receberam cópias gratuitas do mesmo, ficando bem abaixo das expectativas da EA e contrastando drasticamente com os títulos originais da série.

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A política interna da EA em relação ao financiamento de remasters parece contraditória com os resultados de mercado. Darrah mencionou que a resposta da empresa foi essencialmente: "Vão em frente, mas façam com o dinheiro que já têm". Essa abordagem ignora a realidade de que estúdios como a BioWare já operam com orçamentos alocados para projetos principais, deixando pouco espaço para iniciativas paralelas de grande escala.

A demanda dos fãs por uma Dragon Age Trilogy continua crescendo, especialmente após a decepção com The Veilguard. Uma remasterização bem executada poderia não apenas resgatar o prestígio da franquia, mas também servir como base sólida para futuros desenvolvimentos, oferecendo aos novos jogadores a oportunidade de experimentar os momentos mais marcantes da série em versões modernizadas e acessíveis.

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