No universo dos jogos de mundo aberto, poucas franquias abraçaram o caos e a destruição com tanto entusiasmo quanto Just Cause. Criada pela Avalanche Studios, a série sempre se destacou não por sua narrativa complexa, mas por transformar seus mapas gigantescos em verdadeiros playgrounds de física, onde o jogador, no papel do agente Rico Rodriguez, é um exército de um homem só. A jornada da franquia é uma montanha-russa, com um pico de genialidade que definiu sua identidade e vales de estagnação que levantaram questões sobre seu futuro.

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Just Cause (2006): o início ambicioso 

O primeiro Just Cause foi um jogo à frente de seu tempo. Lançado no início da geração PS3/Xbox 360, ele apresentava um mapa colossal e a promessa de liberdade total. A introdução do gancho de Rico e a habilidade de "surfar" em veículos já estavam lá, mas a execução era crua. O mundo era vasto, mas vazio, e a jogabilidade era repetitiva. Foi uma base promissora, mas claramente limitada pela tecnologia da época.

Just Cause 2 (2010): o auge da genialidade 

Foi com Just Cause 2 que a franquia encontrou sua alma. A Avalanche aprimorou a fórmula de forma espetacular. A combinação do gancho com o paraquedas se tornou uma das mecânicas de travessia mais divertidas e libertadoras da história dos games. O mapa da ilha de Panau era denso, variado e repleto de bases militares, postos de gasolina e estátuas de ditadores para serem explodidas. O jogo entendeu que sua força não estava na história, mas em dar ao jogador as ferramentas para criar o caos. O sistema de "Caos", que recompensava a destruição, era genial. Just Cause 2 é, para muitos, o pico da série e um dos melhores jogos de mundo aberto de todos os tempos.

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Just Cause 3 (2015): mais do mesmo, mas melhor (e pior) 

Just Cause 3 seguiu a máxima de "em time que está ganhando, não se mexe". A principal adição foi o wingsuit, que, combinado com o gancho e o paraquedas, tornou a travessia ainda mais espetacular. A física da destruição foi aprimorada, tornando as explosões maiores e mais satisfatórias. No entanto, o jogo sofreu com dois grandes problemas: uma otimização terrível nos consoles, com quedas de frames constantes, e uma estrutura de missões extremamente repetitiva, baseada em liberar províncias fazendo as mesmas tarefas de novo e de novo. Era mais do mesmo, para o bem e para o mal.

Just Cause 4 (2018): estagnação e perda de foco 

Se JC3 foi repetitivo, Just Cause 4 foi confuso. Em uma tentativa de inovar, a Avalanche introduziu um sistema de "linha de frente" para a liberação do mapa, que era complicado e tirava o foco da simples e pura destruição. O jogo também sofreu um downgrade visual inexplicável, com texturas e efeitos de água inferiores aos de seu predecessor. A sensação geral da comunidade foi que o jogo perdeu a alma. A diversão caótica e sem amarras deu lugar a um sistema burocrático e menos gratificante.

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A franquia Just Cause vive hoje em uma encruzilhada. Seu legado é o de ter criado um dos playgrounds de ação mais divertidos e originais da indústria, com Just Cause 2 como sua obra-prima indiscutível. No entanto, os dois últimos jogos mostraram um claro sinal de estagnação e perda de identidade. O futuro de Rico Rodriguez dependerá da capacidade da Avalanche Studios de reinventar a fórmula do caos, assim como fizeram brilhantemente em 2010.

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